Parâmetros Chave de Previsão Numérica do Tempo (NWP)

Considerando os dois padrões de ZCAS observados através da análise EOF (Dipolo e Tripolo), os parâmetros de previsão do tempo serão apresentados para os dois tipos de ZCAS. Os parâmetros foram obtidos da reanálise ERA INTERIM.

Baixos níveis

  • Temperatura a 1000hPa: mostra o gradiente de temperatura na superfície, que acompanha a passagem do sistema. A temperatura também é um dos fatores que contribuem para o desencadeamento da convecção.
  • Pressão atmosférica média ao nível do mar: mostra sistemas de baixa e alta pressão, como também os gradientes de pressão que acompanham as passagens de sistemas frontais.
  • Vento a 850hPa: mostra o fluxo em baixos níveis que transporta umidade em larga escala.
  • Convergência de umidade: é um dos fatores que contribuem para o desenvolvimento da convecção, sendo mais intensa em baixos níveis.
Tipo 1 Tipo 2
Há uma circulação ciclônica em baixos níveis bem definida sobre o sudeste brasileiro (centrada sobre o estado do Espírito Santo), acompanhada por anomalias negativas de pressão atmosférica média ao nível do mar e convergência do vento. O fluxo de vento em baixos níveis advém da região Amazônica transportando umidade para a região sudeste. Há também uma anomalia negativa de temperatura sobre a região. Como visto no capítulo anterior, os campos de pressão e temperatura possuem dois pólos e a zona de convergência fica ao norte de sua posição média. Há uma circulação ciclônica sobre o sudeste do Brasil (centrada sobre São Paulo), acompanhada por anomalias negativas fracas de pressão atmosférica média ao nível do mar e temperatura. O fluxo de vento e as anomalias são menos proeminentes do que no Tipo 1, porém há um fluxo do Atlântico para o continente. Como visto no capítulo anterior, os campos de pressão e temperatura possuem 3 pólos e a zona de convergência fica perto da posição média.

Figura 1: Anomalias de temperatura a 1000hPa (sombreado), pressão atmosférica média ao nível do mar (isolinhas pretas) e vetores de vento a 850hPa para o Tipo 1. Figura 2: Anomalias de temperatura a 1000hPa (sombreado), pressão atmosférica média ao nível do mar (isolinhas pretas) e vetores de vento a 850hPa para o Tipo 2.

Figura 3: Esquemas do Tipo 1 a níveis baixos (Figura 1): "padrão de dipolo" da pressão atmosférica à superfície com forte convergência de vento. Uma baixa pressão sobre a região sudeste do Brasil (acompanhada de anomalias negativas de temperatura) e um sistema de alta pressão sobre o sul do Brasil, Uruguai e Argentina (acompanhada por anomalias positivas de temperatura). Linhas verdes: Localização da ZCAS. Figura 4: Esquemas do Tipo 2 a níveis baixos (Figura 2): "padrão de tripolo" da pressão atmosférica à superfície com fraca convergência do vento. Uma baixa pressão sobre a região sudeste do Brasil (acompanhada de anomalias negativas de temperatura) e sistemas de alta pressão sobre o sul do Brasil, Uruguai e Argentina e também sobre o nordeste brasileiro (acompanhada por anomalias positivas de temperatura). Linhas verdes: Localização da ZCAS.

Níveis médios (500hPa):

  • Velocidade vertical (ômega) exibe áreas de movimento ascendente, contribuindo para a persistência da convecção.
  • Altura geopotencial mostra a distribuição térmica e de pressão da troposfera média.
  • Vento mostra o fluxo básico sinótico.
Tipo 1 Tipo 2
Geopotencial a 500hPa mostra a circulação de escala sinótica da ZCAS. Há valores negativos de ômega sobre a parte leste da circulação, o que significa que há movimento ascendente na troposfera média e convergência em baixos níveis. Assim, há movimento descendente sobre o sudeste brasileiro. As anomalias de geopotencial a 500hPa são mais fracas que no Tipo 1. Os movimentos ascendentes estão localizados sobre o estado de São Paulo. O fluxo de vento básico consiste de componentes vindas da Amazônia e do oceano Atlântico.

Figura 5: ômega a 500hPa (sombreado), geopotencial (isolinhas pretas) e vetores de vento para o Tipo 1. Figura 6: ômega a 500hPa (sombreado), geopotencial (isolinhas pretas) e vetores de vento para o Tipo 2.

Figura 7: Esquema do Tipo 1 para níveis médios (Figura 5): um cavado (eixo marcado com linha tracejada amarela) com movimento ascendente e uma crista (eixo marcado com linha tracejada laranja) com movimento descendente e céu limpo. Figura 8: Esquema do Tipo 2 para níveis médios (Figura 6): um cavado (eixo marcado com linha tracejada amarela) com movimento ascendente e duas cristas (eixo marcado com linha tracejada laranja) com movimento descendente e céu limpo.

Altos níveis (200hPa):

  • Vento zonal fornece informação sobre o jato de altos níveis.
  • Vento mostra o escoamento básico e padrão de ondas atmosféricas.
  • Divergência mostra as áreas de movimento ascendente e descendente na troposfera.
Tipo 1 Tipo 2
O jato de altos níveis pode ser encontrado dentro de regiões de anomalias positivas de velocidade do vento zonal e divergência. Há um cavado com valores positivos de divergência no norte da circulação. Há ventos de leste e valores negativos de divergência sobre o sudeste brasileiro, o que implica em movimentos descendentes e ar seco. O padrão de dipolo é visto em altos níveis assim como em baixos níveis. O vento de oeste com valores positivos de divergência prevalece sobre o sudeste brasileiro. Sobre o nordeste e sudeste do Brasil há ventos de leste e valores negativos de divergência. O padrão de tripolo é visto em altos níveis assim como em baixos níveis.

Figura 9: Vento zonal a 200hPa (sombreado), divergência (isolinhas pretas) e vetores de vento para o Tipo 1. Figura 10: Vento zonal a 200hPa (sombreado), divergência (isolinhas pretas) e vetores de vento para o Tipo 2.

Figura 11: Esquema do Tipo 1 para altos níveis (Figura 9): isotacas do jato de altos níveis, divergência sobre a posição da ZCAS e convergência sobre o sul do Brasil, Uruguai e Argentina. Figura 12: Esquema do Tipo 2 para altos níveis (Figura 10): isotacas do jato de altos níveis, divergência sobre a posição da ZCAS e convergência sobre o sul do Brasil, Uruguai e Argentina e nordeste brasileiro.